sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

Sinais audíveis e visíveis do dia de Pentecostes


Aprecio o ensinamento bíblico sobre a temática. No entanto, não coaduno com algumas interpretações hodiernas. Apesar disto, não me vejo como apologista. Sou um expositor das Escrituras.

Percebo que bastantes versículos são utilizados indevidamente. É aquela velha e tão repetida história do chamado texto sem contexto ou ainda versículo isolado fora do contexto! Alguns dos propaladores, pasme, incorrem no mesmo erro. Triste e dura realidade no cenário religioso. Todavia, nem tudo está perdido.

Consta realmente a promessa do batismo no Espírito Santo nos evangelhos. O próprio Cristo, de acordo com Atos dos Apóstolos, ordenou que os discípulos esperassem em Jerusalém a promessa do Pai. O cumprimento da profecia de Joel, inclusive, deu-se no dia de Pentecostes.

Isto é significativo. Mostra que o evento é histórico, único, por isso irrepetível. Talvez alguns leitores fiquem confusos com essas palavras, mas deixem-me explicar: O evento na cruz do Calvário é histórico, como tal não se repete. Cristo Jesus não pode voltar na cruz e ser crucificado novamente, como se isso fosse possível. Semelhantemente, o mesmo se dá no Pentecostes. Aprouve a Deus derramar o seu Espírito sobre toda a carne naquele dia festivo. E, nas palavras petrinas foi o cumprimento da profecia de Joel. Ora, dessa forma o evento Pentecostal não se repete.

Agora, uns poderão perguntar, como ficam as pessoas após o acontecimento daquele dia memorável? A resposta dada pelo apóstolo quando indagado pelos judeus presentes na cidade não foi para continuar na cidade, tampouco os sugeriu a buscar o batismo espiritual depois de se converterem a Jesus. Antes, afirmou-lhes que deveriam se arrepender e ter fé em Jesus, como resultado receberiam o dom do Espírito Santo.

Não foi ensinada uma etapa posterior à salvação, porém, tornariam habitação do Espírito Santo ao se converterem, pois as condições apresentadas para a outorga do dom do Espírito são as mesmas [da salvação]. Foram agregados na igreja, salvos, portanto, tiveram a primeira experiência com o Espírito Santo de Deus!

Talvez uns leitores queiram que me reporte ao evento pentecostal a fim de explicar os sinais daquele dia. Pois bem. É necessário esclarecer que o sinal nunca é maior do que o evento. Isto porque o sinal aponta para algo superior. O mais extraordinário naquela ocasião não foram os sinais – visíveis e audíveis, mas a democratização do Espírito Santo.

Ocorreu um barulho como de vento veemente – não houve ventania onde os discípulos estavam. Tudo indica que o ruído que chamou a atenção daqueles que estavam em Jerusalém por conta da festa de Pentecostes. Foram vistas línguas repartidas sobre os discípulos – este fenômeno foi observado pelos 120 discípulos, inexiste indício de que foi visto pela multidão. E, o último sinal foi os indubitáveis idiomas humanos falados pelo grupo de seguidores de Jesus. Note bem que foram falados dialetos e idiomas. Línguas reais, inteligíveis.

Destes três sinais pode asseverar mais algumas coisas. Os dois primeiros não mais se repetiram. A alegação que o fogo era símbolo de purificação não procede, pois antecedeu ao derramamento do Espírito. No que tange as línguas inteligíveis houve apenas mais dois registros anos após o evento pentecostal. Sobre o significado desses sinais escreverei noutra ocasião. Aguarde a postagem mui breve.

Repito que o acontecimento mais importante foi a outorga do Espírito Santo aos crentes, de uma vez por todas, para sempre. Sendo que atualmente uns só fixam seus olhos para o fenômeno de línguas. Por isso, é bom que fique claro que as línguas foram idiomas humanos concedidos de maneira miraculosa da parte divina. O milagre não foi na audição da multidão, porém, na fala dos discípulos, visto que, o Espírito concedeu a capacitação de falarem indubitáveis idiomas humanos. A multidão ouviu-os porque de fato estavam sendo falados dialetos e idiomas.

É cristalino que a natureza das línguas em Atos dos Apóstolos é idiomática. Rechaço qualquer tipo de tentativa de deturpação ou negação do fenômeno bíblico. Aqueles que acham que o batismo no Espírito Santo é evidenciado por línguas deverão falar em idiomas humanos de modo sobrenatural, sem estudo prévio, portanto. Caso contrário, estarão desautorizados pela Bíblia a asseverar que são as mesmas línguas.  

Os 120 discípulos que vivenciaram tanto a antiga quanto a nova aliança tiveram que aguardar em Jerusalém. Recebeu a outorga do Espírito Santo, conseguinte o poder espiritual para serem testemunhas de Jesus naquela cidade, na Judeia, Samaria e até os confins da terra. Nós não precisamos nos dirigir a Jerusalém, não é questão geográfica, muito menos esperar pelo derramamento do Espírito. Aliás, Paulo aos romanos diz que o Espírito Santo já foi derramado em nossos corações quando nos convertemos. E, ainda nos ensina que todos os cristãos já foram batizados no Espírito no começo da vida cristã.

Certamente que usufruímos dos efeitos daquele evento genuinamente pentecostal. A partir daquele dia o Espírito Santo veio para ficar para sempre com a Sua igreja.

Mateus 1.18-25

Um acontecimento extraordinário sem dúvida foi à vinda do Filho de Deus ao mundo, conseguinte sua encarnação. A genealogia de Mateus 1.1-17 tem a intenção explícita de apresentar os direitos de Jesus Cristo ao trono de Davi.

Basta lembrar que durante 400 anos houve um silêncio de Deus. Nenhuma anunciação profética nesse período. O que certamente aumentou a expectativa geral pelo Salvador!

O evangelho relaciona Jesus com as promessas messiânicas apresentando-o como filho de Davi, filho de Abraão - conforme árvore genealógica. Além disto, não é a toa que recebeu esse nome, pois Jesus significa “Iavé é a salvação”. E o título Cristo significando “Ungido” é equivalente a Messias

Relata a entrada do Salvador no mundo. Diz que José está desposado com Maria. Sendo que esta se encontrou grávida. Por isso, pensou em deixa-la em segredo, mas era homem justo. Contudo, o fruto do ventre de Maria era proveniente do Espírito Santo.

O Salmo 130.8 diz “Ele remirá a Israel de todas as suas iniquidades”. Jesus é gerado pelo Espírito para libertar o povo de Deus dos pecados deles. Jesus nasceu por obra do Espírito Santo de Deus! Nascimento virginal, portanto.

Na concepção judia o Espírito Santo era quem trazia a verdade de Deus aos homens. Cria-se que o Espírito de Deus capacitava os homens a reconhecerem essa verdade quando a vissem. Inclusive relacionava o Espírito particularmente com a obra da criação. E, acima de tudo com a obra da recriação (Ezequiel 37.1-14 – Vale dos ossos secos).

No versículo 23 de Mateus do capítulo supracitado evidente está que Jesus é a imagem do Deus invisível. É o Emanuel – Deus conosco. Habitou entre nós, cheio de graça e verdade. Ao encarnar-se não era apenas homem para ser Rei, como também para ser Salvador.

O evangelista quer mostrar aos judeus que Jesus é o Messias. Ele veio ao mundo não por seu próprio interesse, mas sim por todos nós, os seres humanos, para a nossa salvação.

A vida é sublime quando Jesus nos ensina a olhá-la. Quando transforma a nossa mente e muda nosso coração vemos tudo de modo diferente, visto que, Jesus abre nossos olhos para que possamos ver de verdade.

Jesus nos possibilita ver Deus e capacita o homem a ser quem deveria. Ele é a virtude criadora que desceu aos homens. É o poder recriador que liberta as almas dos homens da morte causada pelo pecado. É o Salvador do mundo.

Pós-escrito: A narração do evangelista é que o Espírito Santo age no nascimento de Jesus de uma maneira sem precedentes. Nascido de mãe virgem por ação do Espírito.

Dentro da ação criadora de Deus existe algo que a biologia denomina de partenogênese que é o desenvolvimento de um ser vivo a partir de um óvulo não fecundado. Refere-se a um tipo de reprodução assexuada de animais em que o embrião se desenvolve de um óvulo sem ocorrência da fecundação. Alguns tipos de vermes, de insetos e uns poucos animais vertebrados, como certas espécies de peixes, de anfíbios, e de répteis, se reproduzem por partenogênese ou agamia. As abelhas são um desses seres vivos.

Variedade de línguas (1ª Coríntios 12.10)

O apóstolo Paulo em 1ª Coríntios 12.10 menciona ‘variedade de línguas’. Este dom espiritual não é concedido a todos os crentes, mas àqueles que são outorgados deve ser exercido visando o proveito comum. Isto porque todo legítimo carisma proveniente do Espírito tem o objetivo de edificar a igreja.

Dito isso, passo a analisar sucintamente a expressão que consta no original grego: ετέρω γένη γλωσσών. O primeiro vocábulo é ‘hetero’. Heteros significa diferente. Em Atos 2.4, o pronome empregado para ‘noutras’ [línguas] é ‘heterais’, isto é, diferentes das que eles estavam acostumados a falar. A segunda palavra é importantíssima para a compreensão do dom espiritual descrito por Paulo como ‘variedade de línguas’. ‘Genē’ (plural) – genos está associado sempre a parentes, prole, família, raça, tribo, nação. Pode significar a nacionalidade ou descendência de uma pessoa em particular. O último termo é ‘glosson’ (substantivo genitivo feminino plural). Glossa – significa língua como membro do corpo, órgão da fala; língua, idioma ou dialeto usado por um grupo particular de pessoas, diferentes dos usados por outras nações.

Diante do exposto posso numa tradução livre definir ‘variedade de línguas’ como a capacidade de falar em várias e/ou diferentes línguas étnicas. Pelo menos é isto que o verso aludido diz, e desta maneira creio.

Orientações Hermenêuticas acerca do Antigo Testamento


O autor mencionado abaixo contribuiu bastante para o meu entendimento acerca do Primeiro Testamento. Ele como estudioso da área oferece dicas valiosas. Elas foram retiradas de sua obra. Fala tanto sobre o que fazer quanto aquilo que não deve ser feito. Espero com isso auxiliar o ledor contemporâneo.


a) Atentar para a situação histórica, pois é fundamental para a assimilação do teor textual.

b) É impossível interpretar um texto deslocado do seu lugar e do sentido histórico.

c) Não fragmentar o Antigo Testamento, mas vê-lo como todo.

d) A maior dificuldade que uma pessoa tem em compreender o Antigo Testamento é justamente a inadequada compreensão de sua literatura.

e) É preciso conhecer o estilo literário de cada autor do Antigo Testamento.


* Francisco, Clyde T. Introdução ao Velho Testamento. 5.ed. Rio de Janeiro: JUERP, 1995.

Ps: As orientações aplicam-se perfeitamente também ao Novo Testamento. 

Atos 1.8 - Poder do Alto

Mas receberão poder quando o Espírito Santo descer sobre vocês, e serão minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria, e até os confins da terra”.

Este versículo é bastante conhecido. Jesus havia dito aos seus discípulos que receberiam poder para ser testemunhas dele.
Alguns acham que esse poder é para mera exibição espiritual. Estes não compreenderam corretamente o que Jesus disse.
Outros exageram ao ponto de afirmar que a palavra ‘poder’ em grego significa um poder de dinamite. Realmente isso o autor não tinha em mente, visto que, a dinamite até então não tinha sido inventada.
Uma historieta: um crente argentino quando esteve no Brasil foi à determinada reunião cúltica. Nesta tinha muita agitação, movimentação, algaravia e bastante barulho. Ao término, perguntou a pessoa que o conduzira até aquele local o porquê de tanto estardalhaço. Como resposta ouviu que aquilo tudo era resultado do 'poder'. Ao que o ‘hermano’ acrescentou: só se for poder de destruir os tímpanos! Essa história real auxilia-nos a não confundir o genuíno poder divino com a capacidade do homem de produzir barulheira no culto. São coisas distintas.
Agora, tem uma ‘cosita’: Tem uns que alegam ter poder do alto, porém, não tem caráter! O poder espiritual dado por Cristo Jesus para ser sua testemunha não os isenta de manifestarem o fruto do Espírito. Portanto, tanto o poder quanto o caráter devem ser patentes nas testemunhas de Cristo.

Ps: Poder em grego é δυναμις, ou seja, dynamis – essa é a transliteração. É justamente a raiz das palavras ‘dinâmico’, ‘dinamite’, e ‘dínamo’, porém, como salientado a dinamite sequer existia, por isso certamente o autor sacro não tinha esse conceito.

Hermano = Palavra em espanhol que significa irmão, parceiro, companheiro.

Cosita – Palavra em espanhol que significa coisinha.

Reflexão: Espírito Santo

Falemos a verdade em amor. Jesus disse aos seus discípulos aguardarem em Jerusalém, visto que, seriam do alto revestidos de poder. Este é para serem testemunhas dele.
Os crentes hoje em dia precisam ir a Jerusalém para ser revestido de poder espiritual? Claro que não! Tampouco os crentes atualmente necessitam aguardar tal revestimento. Isto porque aqueles discípulos estavam numa situação histórica bem diferente da nossa. Eles já eram convertidos, salvos, portanto. Contudo, não tinham recebido o Espírito Santo nos moldes da Nova Aliança.
O Espírito Santo ainda não tinha sido dado, era preciso Jesus ser glorificado - que compreende a ressurreição e ascensão do Filho de Deus aos céus. Todavia, no dia de Pentecostes cumpriu-se, parcialmente, a profecia de Joel. O Espírito Santo foi derramado sobre os discípulos. Outros desdobramentos do Pentecostes mostra que o Espírito de fato já veio sobre toda carne, já que alcançou além dos judeus, os samaritanos, gentios e prosélitos.  O mais formidável no dia de Pentecostes não foi os sinais visíveis e audíveis, mas sim, a democratização do Espírito Santo! Este veio de uma vez por todas, para sempre, habitar nos crentes. Infelizmente isso não tem recebido a atenção devida por parte de uns grupos religiosos. No entanto, está claro que a concessão do dom do Espírito Santo é para todo aquele que se arrepende e crê na pessoa bendita de Cristo Jesus, como Salvador e Senhor. Esta dádiva, isto é, o próprio Espírito Santo é dado no ato de conversão.

Princípios de Interpretação

Interpretar o Antigo Testamento não é algo fácil. O estudo deste precisa ser feito diligentemente. Para compreender uma passagem deve-se considerar algumas coisas.

1) A posição histórica do escritor. Isto é importante, não pode ser relegado. Por isso deve-se incluir a história da época, as condições sociais e religiosas predominantes. É de bom alvitre conhecer a vida particular do autor e, se possível, os seus antecedentes.

2) A língua original em que o autor se expressou. Sabe-se que toda tradução implica necessariamente numa interpretação. Tendo isso em mente, o conhecimento da língua hebraica é indispensável para uma elucidação salutar do Antigo Testamento. Caso o estudante não tenha noção do hebraico bíblico sugiro que busque os melhores comentários acerca do texto original. Isto significa que me refiro aos comentários exegéticos.

3) O contexto da passagem. Os escritores sacros não escreveram cada versículo no vácuo, porém, seguiram a lógica e a razão, passando de um verso a outro. Por isso cada versículo precisa relacionar-se com os outros, de que faz parte. O versículo jamais poderá ser considerado estanque; ele faz parte de texto/contexto. Além do que não pode ignorar que a revelação é progressiva no Antigo Testamento.

4) A natureza da literatura. O gênero literário é importantíssimo para o aclaramento textual. Se o estilo do livro for ignorado a compreensão será totalmente comprometida.

5) As relações existentes com o seu futuro cumprimento. O Novo Testamento revela as verdades ‘escondidas’ no Antigo Testamento. Algumas verdades, que nem os próprios autores nem os expositores judaicos descobriram em suas declarações do Antigo Testamento, só se tornaram cristalinas em Jesus Cristo. Então, deve-se determinar primeiramente o que a passagem teria significado para o escritor e para sua geração. Após, procurar saber a relação que terá no plano eterno de Deus, que o próprio escritor talvez não compreendesse, mas que agora, para os que vivem na plenitude da luz da revelação, é claro.

* Francisco, Clyde T. Introdução ao Velho Testamento. 5.ed. Rio de Janeiro: JUERP, 1995. 288p.

O texto foi adaptado. Os princípios de interpretação foram extraídos das páginas 16 e 17 da obra aludida. Não foi pretendido aqui originalidade, em hipótese alguma, senão oferecer conceitos hermenêuticos para auxiliar os leitores hodiernos. 

Dicas para pregadores de 'primeira viagem' (Parte I)

Seguem nessa singela postagem algumas sugestões para os pregadores de ‘primeira viagem’. Antes, porém, parto do princípio de que vocês são crentes em Jesus e, por motivos vários foram convidados a pregarem a Palavra de Deus.
Diante disso, explicito tanto a responsabilidade quanto o privilégio que cada um de vocês tem. Estas duas coisas devem ser guardadas no coração e mente de todo o pregador. É natural que vocês encontrem-se nervosos, senão temerosos. Sendo que isso é perfeitamente normal, coisa da nossa própria humanidade. No entanto, vocês foram convidados para uma tarefa sublime que requer algumas coisinhas. Não esperem que seja como receita de bolo, algo pronto. Não, não é assim. Existem particularidades e nuances. Por isso, cada um deve ajustar a sua realidade.
Acho importante serem gratos a Deus por terem sido confiados em expor a Palavra de Deus. Então, com gratidão no coração segue-se à oração. Esta é essencial para o bom andamento do preparo e exposição da mensagem divina. Faça oração, seja objetivo. Peça a Deus orientação sobre o trecho a ser lido e selecionado para basear-se o preparo do esboço.
(Faço uma pausa. Existem algumas pessoas que tem resistências em relação à utilização de esboços. Eu, particularmente, fico muito mais a vontade com eles, pois me norteiam na hora da pregação e dessa maneira evito divagações. Contudo, ainda que vocês não usem esboços, ao menos reconhecerão de que precisam escolher o texto bíblico, lê-lo, entendê-lo para fazer as devidas aplicações).
Apesar de ter colocado a oração em primeiro lugar, quero que entendam que todo o processo de preparo e de entrega da mensagem necessita ser regada a oração, certo? Acho interessante escolher um texto sacro que tenha a ver com a temática, por exemplo, se a programação é de cunho evangelístico penso que por coerência deve-se apropriar-se de um trecho com o mesmo teor. Isto está relacionado ao objetivo da pregação.
Escolhido o texto sugiro que façam leitura tanto em voz baixa quanto em voz alta - posteriormente. Entendo que vocês precisam ‘familiarizar-se’ com o trecho sagrado. A leitura atenta e bem feita é indispensável. Se alguns de vocês tiverem dificuldades [com leitura], leiam devagar, quantas vezes forem necessárias, afim de compreendam realmente o que está sendo lido. Prestem atenção nos verbos, pois estes exprimem ação!
Suponhamos que eu pregue em João 3.16. Trecho áureo - bastante conhecido. Eu, mesmo pautando-me no verso vou considerar não apenas o capítulo 3 inteiro, como o Evangelho de João todo! Por isso, acho sumamente importante saber o que antecede o texto aludido assim como o que vem depois. Significa que caso não soubesse o contexto leria o Evangelho numa só assentada, preferencialmente, para ter uma ‘visão panorâmica’ do livro em questão. Investiria algumas horas na leitura cuidadosa desse estimado Evangelho.
Selecionado e lido o texto, buscaria nele a ideia central. Nem sempre é fácil ‘descobrir’ a ideia fulcral, mas não arredaria o pé dali enquanto não tivesse essa noção. E, as ideias periféricas precisam ser ‘descobertas’. Além da dica de observar os verbos no trecho bíblico é bom salientar de que cada parágrafo tem uma ideia de pensamento [autoral]. Então, compete ao intérprete contemporâneo descobri-la. Atente para a repetição, o autor, por exemplo, pode usar termo sinônimo para reforçar o que ele tem em mente.
Uma vez que vocês entenderem o texto aludido poderão agora passar para a interpretação deste. Requer conhecimento histórico, social, linguístico, religioso, etc e tal. Estas informações poderão ser obtidas através de dicionários e comentários bíblicos. Depois disto terão mais chances de fazerem aplicações plausíveis. (Continua)

Missiologia: o que é isso?

Várias são as definições de missiologia. Uma delas é “a ciência ou estudo de missões”. Já Orlando Costa diz que é “a crítica sobre a práxis da missão que interpreta e questiona o passado e o agora da fé, buscando e se projetando para o futuro a fim de corrigir, fortalecer, suster ou totalmente mudar o desempenho missionário da igreja”. Ainda outra definição sugestiva é da parte de Verkuyl: “é o estudo das atividades salvíficas do Pai, Filho e Espírito Santo através do mundo, orientadas para trazer o reino de Deus à existência”.
Então, missiologia é uma ciência interdisciplinar. Abrangem disciplinas bíblicas, teológicas e históricas, a ética, a hermenêutica, a ciência da religião e também disciplinas seculares como a antropologia, a sociologia, a estatística e a comunicação. A missiologia, portanto, emprega cada uma destas, a fim de refletir sobre a identidade e tarefas missionárias da igreja em dado momento histórico e cultural.
A missiologia ajuda a igreja e o missionário a levar em conta o seu contexto missionário, de tal modo que o evangelho seja transmitido mais claramente em relação a audiência e mais fielmente em relação a Deus.

Graça permeada na vida de Paulo e na igreja de Cristo

O apóstolo Paulo era pessoa segura – não temia nem a vida nem a morte! Ele passou provações em sua vida e ministério, a sua fé concedeu vitória em meio a todas elas.

O saudoso pastor Isaltino Gomes disse certa vez que a pessoa pode ter uma tonelada de fé, mas se não houver um grama de graça não terá valia. Esta sentença adaptada [por mim] foi dita dentro de contexto específico, porém, norteia aqui a ideia bíblica.

Aprende-se com a vida do apóstolo que o poder divino mediante a graça o sustentou. Além disto, trabalhou por meio dele para trazer vida [espiritual] a outrem.

Nunca pensamos em graça como privilégio de sofrer. Sendo que a ótica paulina difere da nossa. Veja o que ele diz: “Porque a vós vos foi concedido, em relação a Cristo, não somente crer nele, como também padecer por ele” (Filipenses 1.29).

Como asseverou alguém a graça de Deus é a mais escandalosa de todas as mensagens cristãs. Li algures [também] que a única mensagem que existe em Jesus é acerca da graça eterna de Deus.

Embora exista em certa medida um antropocentrismo contemporâneo, certamente o homem não é o centro do universo. Tampouco a igreja é central. O centro de tudo e todos é Deus! Por causa disto o propósito final de nossa existência, do nosso labor terreno, nosso sofrimento bem como da própria igreja é a glória divina.

Karl Barth disse certa vez que “a graça deve expressar na vida, senão não é graça”. Quando a igreja evangeliza e faz missões, leva a graça, na verdade vive com graça e na graça. Que aja sempre com graça para com os outros.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

Efésios 2.8-9 (Dom de Deus)

Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus 

Dom é dádiva.  Trata-se de um presente recebido de Deus (sem merecimento algum por parte daquele que recebe). 

Alguns entendem que o “isto” refere-se à fé - citada anteriormente. Dessa maneira, concluem que a fé é dom de Deus. Parece-me que não é apropriada essa interpretação.

Se perguntarmos [ao texto] o que se trata vê que é sobre salvação (ou graça salvífica). Para tanto é preciso considerar o contexto. 

Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie” (Efésios 2.8,9).

Colocando os pingos nos is. Versa sobre a salvação pela graça - mediante a fé. Note que o “isto” está atrelado à salvação (assunto tratado no capítulo 2.1-10 – queira ler numa assentada só para melhor compreensão, por favor).

Observe que a salvação, antes de tudo, é pela graça, através da fé. E a salvação não vem de obras, para que ninguém se glorie. Além disto, o Novo Testamento apresenta a salvação como um dom de Deus, ou seja, uma dádiva!

Por ser a salvação um presente é recebido de maneira graciosa; não é conquistado ou obtido pelo homem. Tanto o texto quanto o contexto, e à luz do ensino geral das Escrituras, verifica-se que o “dom de Deus” em questão sem dúvida é a salvação.

"Examinai tudo, retende o que é bom" (Tessalonicenses 5.21)

Eis o versículo 21 do capítulo 5 da carta de Paulo aos Tessalonicenses: “Examinai tudo, retende o que é bom”. Algumas pessoas afirmam que podemos examinar tudo (tudo mesmo?)!

Não quero partir para a polêmica, meu intuito é desfazer o equívoco. Proponho para tal duas versões escolhidas. Note que o versículo 21, isoladamente, trunca o texto, e dá margem para deturpação. Por isso, leiamos o trecho sacro; não um versículo apenas.

Não extingais o Espírito. Não desprezeis as profecias. Examinai tudo. Retende o bem” (Versão Corrigida Fiel – I Tessalonicenses 5.19-21). Já deslumbramos o contexto. O versículo 21 refere-se às profecias descritas no versículo anterior.

Então, esse ‘examinar’ trata-se das profecias! Não sugere que podemos examinar todas as coisas, incluso às ilícitas e/ou imorais, por exemplo. A Nova Versão Internacional (NVI) apropriadamente traduz: “Não apaguem o Espírito. Não tratem com desprezo as profecias, mas ponham à prova todas as coisas e fiquem com o que é bom”.

Dileto ledor com uma versão em mãos considerando outros versículos, pois não são estanques, é possível ter uma noção do que é dito. E, com outra [versão] aclara o sentido escriturístico. Sequer utilizamos um comentário bíblico para elucidar o trecho aludido. Neste caso não foi preciso.

Que Deus ilumine a mente do leitor. E, lembre-se: Olhos fitos, sempre, no contexto!

O que é o dom do Espírito Santo?

 E disse-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo” (Atos 2.38).

Qual o significado da expressão “dom do Espírito Santo”?  Seria um dom espiritual proveniente do Espírito? Não, não se refere ao carisma da parte do Espírito.  

Trata-se do próprio Espírito Santo sendo concedido como dádiva e/ou presente. Assim como é dadivosa a salvação é a concessão do Espírito Santo. O recebimento do Espírito Santo é um dom. Logo, recebido de maneira graciosa, sem mérito humano, portanto.

Observem, as condições da concessão do dom do Espírito Santo são arrependimento e . As mesmas da salvação, pois acontece justamente no ato de conversão.

O ser humano e sua razão de ser - Gênesis 2 (Revista Compromisso/1º Trimestre 2021)

O enfoque dessa narrativa é na criação do homem (2.4b-5). Descreve a formação do homem do pó da terra.

Uma digressão. No capítulo 1 a palavra “Deus” aparece cerca de 30 vezes. Apresenta “Elohim” como Ser Supremo – o Eterno. Já neste capítulo relata “Elohim YHVH”, indicando um Ente auto existente pessoal.  

Depois de formar o homem do pó da terra Deus “soprou-lhes nas narinas o folego da vida”. Daí tornou-se “alma vivente”. Note bem, o homem não tem uma alma, porém, é alma [vivente]. A respiração da parte de Deus (ao soprar nas narinas) concedeu-lhe vida!

É nos dito que o homem foi posto num jardim. Éden significa “deleite”, “delícia” ou “prazer”. O local era um lugar agradável, um paraíso.

O homem, criado à semelhança do criador (1.27) recebeu a responsabilidade de “cultivar e guardar” o jardim. Observe que o trabalho precede a queda. É uma benção divina.  

Viu Deus que não era bom que o homem permanecesse só, pois até então não havia correspondente na natureza pra ele. Criou a mulher para ser sua “ajudadora idônea”.  

Algo que chama a atenção é o termo para “unir-se a mulher”. Dá a ideia de “grudar”, “colar”, indicando a indissolubilidade do casamento.

Aplicação para a vida:

a)      A terra é para o homem berço, lar e sepultura. Não obstante, o homem precisa ser um bom mordomo enquanto vive nesse planeta.

b)      Se no capítulo 1 assevera que Deus é o Criador nítido está no capítulo seguinte que é Provedor. Ele supre todas as necessidades humanas.

c)      O casamento é pra ser desfrutado. É onde o casal experimenta intimidade física, emocional e espiritual.

A Criação do Universo - 01 (Revista Compromisso - 1º trimestre 2021)

O capítulo 1 de Gênesis fala acerca da criação do universo. Aponta Deus como o Criador de toda coisa existente. Algo que chama atenção é que apresenta Deus como Eterno. “No princípio criou Deus os céus e a terra” (Gn 1.1).

O verbo criar (1.1), “bará” em hebraico, trata-se de uma atividade exclusiva da parte de Deus. O versículo seguinte diz que “a terra era sem forma e vazia”, ou seja, um lugar que não se pode viver.

Do caos mediante a Palavra de Deus veio à ordem, isto é, perfeição. Ao passo que, de sua obra criadora viu o que havia feito “era bom”.

O começo da vida animal é descrito no capítulo 1.20-25. Nota-se a sequência lógica, racional, no processo criativo. Inexiste arbitrariedade no ato criador.

Já o começo da vida humana (1.26.30) é descrito no sexto dia, após ter tudo preparado para sua conveniência e vivência. Deus cria o ser humano – homem e mulher, a sua imagem e semelhança.

No versículo 31 assevera: “E Deus viu tudo quanto fizera, e era muito bom”. Tudo correspondia ao propósito do Criador. No que tange ao descanso divino não se refere à exaustão, pois Ele não se fadiga. Indica sim, o “descanso” de realização, não de inatividade.

Aplicação para a vida:

a)      A doutrina da criação sinaliza que se deve adorar ao Criador de tudo, não prestar culto aos astros, por exemplo. Nossa vida precisa ser orientada pelo Eterno, não pelos elementos da natureza.

b)      O homem deve ser agente responsável no trato da natureza, criação divina. Toda agressão contra a natureza é na verdade contra o próprio Criador.

Revista Compromisso - Editora Convicção

No ano de 2021 lecionei a primeira lição da Revista Compromisso – Editora Convicção, a qual a igreja local adota. Tive a incumbência de versar sobre o livro de Gênesis. Começar nesse livro, especificamente no capítulo 1, não é tão fácil assim, como alguns possam imaginar.

Primeiro, tem a questão do estilo literário. O desconhecimento deste gera problema sério no quesito hermenêutico.

Segundo que a tentativa de uma abordagem científica num livro estritamente de cunho religioso causa conflito. O livro supracitado é teológico.  

Terceiro que ainda persiste o erro crasso de introduzir ideia humana no texto sacro. Quando deveria somente ouvir o que o texto diz.

Quarto, o disparate de colocar outro trecho bíblico, indevidamente, dentro do texto escriturístico promovendo assim um balaio de gato. Destarte, confusão generalizada.

Sem muito esforço poderia continuar a enumeração, porém, dou-me por satisfeito, entendo que o distinto ledor já percebeu que devido às atitudes elencadas a tarefa de interpretar torna-se hercúlea.

Sendo que o desafio diante de cada leitor deve fazer com que se aproxime do teor escriturístico com humildade, e com adoção de método de interpretação visando exegese sadia e aplicação plausível, sobretudo.   

Durante o trimestre darei algumas dicas, farei também uns apontamentos sobre os textos analisados, disponibilizando auxílio para o internauta. Espera-se dessa maneira colaborar para o melhor entendimento do trecho bíblico.

Para tanto é só acompanhar por aqui. Se preferir poderá inscrever seu e-mail a fim de receber atualização.

Deus o abençoe ricamente.

Apresentação Autoral

O autor do blog desceu às águas batismais em 1991 tornando-se membro de uma igreja batista. Mais tarde ingressou em seminário confessional. Foi consagrado ao ministério no ano de 2008. Desde então tem servido a igreja local, e a denominação tanto como missionário quanto docente na área teológica.

Objetiva-se disseminar a Palavra de Deus. De todo o coração deseja fidelidade escriturística e lealdade à pessoa bendita de Cristo Jesus.

É casado. Pai de dois filhos.

Amante das Escrituras Sagradas.

Disponibiliza seu e-mail para dirimir dúvida, explicação de texto sacro, orientação pastoral, etc e tal.  

pr.gustavoluiz@yahoo.com.br

Atenciosamente,

Gustavo Luiz

Declaração Doutrinária da Convenção Batista Brasileira (Introdução)

Os discípulos de Jesus Cristo, que vieram a ser designados pelo nome Batista, se caracterizavam pela sua fidelidade às Escrituras e por isso só recebiam em suas comunidades, como membros atuantes, pessoas convertidas pelo Espírito Santo de Deus. Somente essas pessoas eram por eles batizadas e não reconheciam como válido o batismo administrado na infância por qualquer grupo cristão, pois, para eles, crianças recém-nascidas não podiam ter consciência de pecado, regeneração, fé e salvação. Para adotarem essas posições, eles estavam bem fundamentados nos Evangelhos e nos demais livros do Novo Testamento. A mesma fundamentação tinha todas as outras doutrinas que professavam. Mas sua exigência de batismo só de convertidos é que mais chamou a atenção do povo e das autoridades, daí derivando a designação “batista” que muitos supõem ser uma forma simplificada de “anabatista”, “aquele que batiza de novo”.

A designação surgiu no século 17, mas aqueles discípulos de Jesus Cristo estavam espiritualmente ligados a todos os que, através dos séculos, procuraram permanecer fiéis aos ensinamentos das Escrituras, repudiando, mesmo colocando em risco a própria vida, os acréscimos e corrupções de origem humana.

Através dos tempos, os Batistas se têm notabilizado pela defesa destes princípios:

1º) A aceitação das Escrituras Sagradas como única regra de fé e conduta;

2º) O conceito de Igreja como sendo uma comunidade local democrática e autônoma, formada de pessoas regeneradas e biblicamente batizadas;

3º) A separação entre Igreja e Estado.

4º) A absoluta liberdade de consciência.

5º) A responsabilidade individual diante de Deus.

6º) A autenticidade e apostolicidade das Igrejas.

Os Batistas caracterizam-se também pela intensa e ativa cooperação entre suas Igrejas. Não havendo nenhum poder que possa constranger a Igreja local, a não ser a vontade de Deus, manifestada através de seu Santo Espírito, os Batistas, baseados nesse princípio da cooperação voluntária das Igrejas, realizam uma obra geral de missões, em que foram pioneiros entre os evangélicos nos tempos modernos; de evangelização, de educação teológica, religiosa e secular; de ação social e de beneficência. Para a execução desses fins, organizam Associações regionais e Convenções estaduais e nacionais, não tendo estas, no entanto, autoridade sobre as Igrejas, devendo suas resoluções ser entendidas como sugestões ou apelos.

Para os Batistas, as Escrituras Sagradas, em particular o Novo Testamento, constituem a única regra de fé e conduta, mas, de quando em quando, as circunstâncias exigem que sejam feitas declarações doutrinárias que esclareçam os espíritos, dissipem dúvidas e reafirmem posições. Cremos viver um momento assim no Brasil, quando uma declaração desse tipo deve ser formulada, com a exigência insubstituível de ser rigorosamente fundamentada na Palavra de Deus. 

Fonte: www.convencaobatista.com.br

Observação: Paulatinamente colocarei nessa página os 19 artigos da referida declaração. Todavia, a íntegra encontra-se no site indicado.